domingo, 26 de fevereiro de 2012

Dr. Heisenberg nos conduzindo por caminhos incertos.




O jovem Heisenberg, na maturidade de seus vinte e poucos, sempre buscou encontrar as certezas por trás das leis da natureza. Doce ironia, um de seus maiores feitos foi enunciar o principio da incerteza, que consiste da afirmação que não se pode medir duas grandezas físicas não comutáveis, simultaneamente, com precisão absoluta. Tal conceito trouxe ainda mais estranheza àquela teoria que já deixava muitos cientistas perplexos e desconfortáveis. Imagino o jovem Dr. Heisenberg questionando se aquilo que surgia de sua compreensão da natureza do átomo poderia mesmo corresponder a realidade.  Quase sempre, temos receio de aceitar as mudanças bruscas e o fato de encontrarmos em um instante algo que, apesar de não sabermos bem como, irá modificar total e profundamente a forma de vermos o mundo a nossa volta.

Dr. Heisenberg permitiu-se confiar em sua intuição arraigada no trabalho duro de seus cálculo e propagou assim o conceito de seu princípio da incerteza.  Definitivamente, não deve ter sido fácil convencer uma comunidade receosa a aceitar  todas as implicações de sua simples equação. A importância de tal pedra fundamental no templo da Mecânica Quântica é difícil de mensurar e, mesmo hoje após 85 anos, ainda choca os jovens estudantes em seus cursos básicos de quântica e se incorpora de modo fundamental a todos os nossos avanços tecnológicos.

Pessoalmente, não considero o principio da incerteza tão contra-intuitivo.  Ele nos mostra que sempre há um preço a ser pago pelo conhecimento que se adquire.  Se você buscar saber absolutamente tudo sobre um certo ente físico, isso implicará na total ignorância sobre o “ente conjugado” ao primeiro.  Novamente, surge a questão da escolha (esta sim sempre me deixou confuso): cabe aquele que mede a decisão do que de fato ele extrairá da velada natureza do universo, pois ele tem o direito de desmascará-la apenas parcialmente, o que ele obtiver é tudo o que poderá chamar de sua realidade. O resto fica escondido no universo das inúmeras possibilidades: os domínios de todas as escolhas que não foram feitas.

Creio que este texto parecerá confuso e de linguagem meio frouxa, mas o próprio Dr. Heisenberg  concluiu que um dos nossos grandes problemas sobre a mecânica quântica (neste caso, física dos átomos) era que a linguagem era incapaz de alcançar os verdadeiros significados por trás dos conceitos. Palavras são rasas demais para conter toda a profundidade do que cada elemento da quântica possui; acabamos sempre nos expressando de modo tacanho e limitado. Problema com o qual ainda precisamos aprender a lidar. Talvez criar uma nova linguagem? Quem sabe... A quântica é a mais intima de todas as poesias da natureza; portanto, precisamos aprender a declamá-la corretamente para adquirirmos o direito de liberar toda a sua essência. 

Você pode me pergunta qual a moral dessa história. Sinceramente, não saberia dizer. Contudo, tudo que posso afirmar é que muitas histórias não tem realmente uma moral explicita a nos ser entregue. No mundo das verdades, tudo que estas histórias podem nos oferecer são realidades a serem reveladas. Assim, Dr. Heisenberg nos conduz por intricados caminhos que se não garantem certezas, ao menos, nos trazem a esperança de alcançar alguma verdade que mostre o que há de autêntico no que sabemos sobre a natureza.


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