“Era
a melhor das Universidades, era a pior das Universidades, era o casebre da
sabedoria, era o palácio da ignorância, era o laboratório da fé, era o templo da incredulidade, era a
fonte da Luz, era o sorvedouro da Treva, era a Primavera da esperança, era o
Inverno do desespero, tínhamos tudo à nossa frente, não tínhamos nada à nossa
frente, íamos todos diretos para o Paraíso, íamos todos diretos no outro
sentido, era um período tão parecido com o que se espera do futuro, que algumas
das suas mais magnificas autoridades insistiam ser recebidas, para a ciência ou
para a tecnologia, apenas no grau superlativo de comparação.”
Depois
de um longo período sem tempo para escrever em meu blog, me dou o direito de
ser pomposo e parafrasear Charles Dickens em um dos seus textos mais inspirados
“Um conto de duas cidades”. Meu último
escrito data do período do fim de greve: momento de suspiros aliviados e desejo que tudo voltasse a normalidade. O trabalho desde então represado de tantas
maneiras, surgiu exclamando urgência e
nada mais pude fazer a não ser aceitá-lo de bom grado. Este foi de longe o mais
longo dos quadrimestre que tive em todas as escalas temporais reais e
imaginárias. A exaustão se mostra clara nos rostos de todos: alunos,
funcionários e professores. O recesso será bem vindo, mesmo sendo parco....
Afinal, temos que começar a pagar a dívida deixada na greve. Precisamos
compensar o “tempo perdido”!
A
greve não deixou apenas um déficit de aulas, também criou uma lacuna muito
grande entre "classes". Até este quadrimestre nunca senti tão fortemente a
fissura existente entre alunos e professores. Sobrou um dessabor amargo como
ônus das atitudes de “cooperação e contra-cooperação” durante a greve. Talvez,
foi um momento de deixar claro que somos todos muito iguais em nossas
diferenças. Sinceramente, ainda não sei bem aonde isso tudo irá nos levar. Para
mim, foi um tempo de muito trabalho e laboriosa reflexão oriunda deste, ainda não consegui perceber bem o que somos agora como Universidade após essa greve. Atualmente, estou numa fase de buscar intenções e propósito em tudo e todos e,
em especial, em mim mesmo.
Tenho
muitos fragmentos de textos, diversos
surgiram durante minhas aulas de um curso de física quântica para o BC&T, outros em meus embates de me tornar “mais eu” em
minha vida pessoal e também da constante busca de encontrar que tipo de pesquisador
eu sou. Com o tempo, eu vou
amadurecê-los e apresentar aqui. O texto de hoje é só para dizer que AINDA
existo e que o físico em cubos, também anseia explorar outras geometrias
mais inusitadas, não muito mais que isso...
Termino
desejando boas férias para esta comunidade da UFABC, que como uma família, muitas
vezes parece precisar da intervenção de um pai severo e em outras de uma mãe
compreensiva. Porém, independente de tantos percalços e desentendimentos internos, para os “de fora”
da família, só permitimos que se mostre o melhor: Parabéns, em especial, aos
nossos alunos que foram ao ENADE e nos deram uma ótima reputação. =)