O
jovem Heisenberg, na maturidade de seus vinte e poucos, sempre buscou encontrar
as certezas por trás das leis da natureza. Doce ironia, um de seus maiores
feitos foi enunciar o principio da incerteza, que consiste da afirmação que
não se pode medir duas grandezas físicas não comutáveis, simultaneamente, com
precisão absoluta. Tal conceito trouxe ainda mais estranheza àquela teoria que
já deixava muitos cientistas perplexos e desconfortáveis. Imagino o jovem Dr.
Heisenberg questionando se aquilo que surgia de sua compreensão da natureza do
átomo poderia mesmo corresponder a realidade.
Quase sempre, temos receio de aceitar as mudanças bruscas e o fato de
encontrarmos em um instante algo que, apesar de não sabermos bem como, irá
modificar total e profundamente a forma de vermos o mundo a nossa volta.
Dr.
Heisenberg permitiu-se confiar em sua intuição arraigada no trabalho duro de
seus cálculo e propagou assim o conceito de seu princípio da incerteza. Definitivamente, não deve ter sido fácil
convencer uma comunidade receosa a aceitar
todas as implicações de sua simples equação. A importância de tal pedra
fundamental no templo da Mecânica Quântica é difícil de mensurar e, mesmo hoje
após 85 anos, ainda choca os jovens estudantes em seus cursos básicos de
quântica e se incorpora de modo fundamental a todos os nossos avanços
tecnológicos.
Pessoalmente,
não considero o principio da incerteza tão contra-intuitivo. Ele nos mostra que sempre há um preço a ser pago
pelo conhecimento que se adquire. Se
você buscar saber absolutamente tudo sobre um certo ente físico, isso implicará
na total ignorância sobre o “ente conjugado” ao primeiro. Novamente, surge a questão da escolha (esta
sim sempre me deixou confuso): cabe aquele que mede a decisão do que de fato
ele extrairá da velada natureza do universo, pois ele tem o direito de
desmascará-la apenas parcialmente, o que ele obtiver é tudo o que poderá chamar
de sua realidade. O resto fica escondido no universo das inúmeras
possibilidades: os domínios de todas as escolhas que não foram feitas.
Creio
que este texto parecerá confuso e de linguagem meio frouxa, mas o próprio Dr.
Heisenberg concluiu que um dos nossos grandes
problemas sobre a mecânica quântica (neste caso, física dos átomos) era que a
linguagem era incapaz de alcançar os verdadeiros significados por trás dos
conceitos. Palavras são rasas demais para conter toda a profundidade do que
cada elemento da quântica possui; acabamos sempre nos expressando de modo
tacanho e limitado. Problema com o qual ainda precisamos aprender a lidar.
Talvez criar uma nova linguagem? Quem sabe... A quântica é a mais intima de
todas as poesias da natureza; portanto, precisamos aprender a declamá-la
corretamente para adquirirmos o direito de liberar toda a sua essência.
Você
pode me pergunta qual a moral dessa história. Sinceramente, não saberia dizer. Contudo,
tudo que posso afirmar é que muitas histórias não tem realmente uma moral
explicita a nos ser entregue. No mundo das verdades, tudo que estas histórias
podem nos oferecer são realidades a serem reveladas. Assim, Dr. Heisenberg nos
conduz por intricados caminhos que se não garantem certezas, ao menos, nos trazem a
esperança de alcançar alguma verdade que mostre o que há de autêntico no que
sabemos sobre a natureza.