quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Podres antes de Maduros?



Uma anedota UFABCiana: Um dia, eu estava no elevador e entrou nosso vice-reitor.  Ele me olhou com aquele jeito de “acho que conheço esse cara” (eu ainda era professor novo na UFABC). Então, me cumprimentou e disse: “Como você está? Já se formou com a gente?” Meio sem graça, eu respondi: “Bem... sou professor aqui” (rsrsrs). Não sou um cara de aparência super jovial, mas também não estou acabado. Sou um cara de 35, mas com corpinho de 34 kkkkkkkk Piadas a parte, eu estou mais para regra, que exceção: todos na UFABC são muito jovens.  O próprio vice-reitor (personagem desta história) não deve ter mais que 40! Quantas Universidades tem vice-reitores tão jovens?

Não sei se há qualquer estatística sobre isso, mas provavelmente a UFABC seja a Universidade com o corpo docente mais jovem e, como tal: ambicioso, ousado, sonhador, meio rebelde e até inconsequente.  Como todos são jovens, então,  mesmo a cúpula Universitária (que a tudo controla)  tem esse ar de “molecada”.

Por um lado, isso parece bom.  Não estamos tão apegados à tradição e, assim, podemos abraçar a ousadia do nosso projeto pedagógico como se fosse a nossa própria.  Damos liberdade a nossa imaginação: criamos cursos e alimentamos sonhos.  De certo modo, somos responsáveis por aquele orgulho de nossos alunos, que se denominam (eufóricos) “homens de verde” e carregam com mais animo ainda a bandeira de nossa universidade.  E coitado daquele que desacreditar de nossa UFABC e suas possibilidades, pois sofrerá a ira de um Tamanduá bem marrento e pronto para acertar as diferenças  ;-)

Porém, há o outro lado; não tão belo assim. Somos responsáveis e, muito responsabilizados, por toda a cadeia de comando, pelo acerto das burocracias e por fazer a Universidade funcionar. Como um amigo me disse uma vez: “Na UFABC, nós carregamos, afinamos e tocamos o piano ao mesmo tempo”; outra imagem bem usada: “Nós vamos construindo o avião em pleno voo”.  Temos muitas atribuições burocráticas; tantas que, por vezes, nos afastam da pesquisa e ensino, que deveriam ser nossas atribuições prioritárias.

Há quem diga que isto é bom: todo o trabalho extra  e as posições de autoridade precoces. Isto nos trará a maturidade mais cedo. Tornar-nos-á [ adoro usar mesóclise =) ] jovens senhores de si e de nossa Universidade.  Sinceramente, assim eu espero; porém, receio que isso possa nos envelhecer rápido, esmorecer nossa vontade.  Meu medo é que nos tornemos rabugentos burocratas antes de alcançarmos o ápice de nosso brilhantismo científico e nossa habilidade didática. Acima de tudo, me horroriza pensar que possamos apodrecer antes de amadurecer.

Certamente, tenho fé que nos tornaremos grandes. Além de nossos méritos próprios alcançados por cada professor da instituição, nós encontraremos uma amplificação ainda maior de nossas carreiras através das jornadas que serão traçadas por cada um de nossos estudantes: Quem sabe do que um Bacharel em Ciência e Tecnologia é capaz? Nós descobriremos!

Espero que o mundo reconheça nossos esforços e a legitimidade daqueles que não se intimidam com o novo e inexplorado. Espero que a sociedade aceite que, não necessariamente, a sabedoria precise vir com cabelos brancos, mas que é encontrada na atitude daqueles que não temem negar a tradição em busca de uma nova resposta, uma nova forma de fazer ciência ao estilo “tudo ao mesmo tempo agora”.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Palavras ao vento, significados a contento.



"Vigorous writing is consice. A sentence should contain no unnecessary words, a paragraph no unnecessary sentences, for the same reason that a drawing should have no unnecessary lines and a machine no unnecessary parts. This requires not that the writer make all sentences short or avoid all detail and treat subjects only in outline, but every word tell."

Este é um trecho do livro "The elements of style" -- Strunk and White, que sempre deixo por perto para recordar-me o que é importante no escrever. Ainda, de forma mais ampla, no meu expressar como um todo. Além de considerar uma grande lição, ainda tenho a audácia de fazer isso “descer garganta abaixo” de meus estudantes quando digo o que espero de um bom relatório em minhas aulas de laboratório.

O livro (que obviamente recomendo a leitura) sempre me impressionou muito, mais ainda por ter sido escrito no começo do século XIX e permanecer tão atual. Considero que este não é apenas um bom conselho para os escritores, mas poderia ser tomado com uma instrução para a vida: Busque apenas o essencial! Isto me lembra algumas discussões com amigos budistas e o desenho da Disney "Mogli - o livro das selvas". Alguém se lembra da musiquinha do urso Baloo?? ;-)


Imagine uma vida onde você sofreria apenas o necessário para crescer. Que a saudade seria apenas o suficiente para perceber quem lhe é importante. Que as brigas fossem apenas um leve tempero para apimentar os longos períodos de paz. Que o ciúme fosse apenas a medida da apreciação, mas jamais a ruína pelo desejo de posse. Que o amor fosse apenas o sentimento na medida certa para nos trazer um propósito, mas que jamais levasse a desilusão que faz a vida perder o sentido.


Porém, estas são divagações tolas em busca de uma retórica perfeita. Pensamento de alguém que já passou tantas horas sem dormir pensando: “Mas, afinal, o que deu tão errado? Não era um plano simples” Contudo, a VIDA nunca é simples e, desconfio fortemente, jamais se resume ao essencial... Restringir ao essencial é o desejo mais profundo de minha profissão, que em seu amago arrogante anseia mostrar que qualquer sistema (independente de quão complexo seja) pode ser muito bem explicado por um modelo simples e, obviamente, que evidência a sua essência rsrsrsrsrs


Nossa, de discussões sobre bem escrever, já comecei a arranhar a reputação do Método Científico... Ahhh, esses Físicos, que nunca deixam de caminhar pelo terreno que se sentem mais a vontade: as lamas da Ciência que moldam o Universo.


Falando sério, sempre fui um grande fã de literatura e este livro sempre me inspira a querer escrever para valer. Quem sabe neste novo período, eu consiga me dedicar de forma mais regrada a isso. Começarei por tentar sempre ter uma postagem nova em meu blog, ao menos, uma por semana.... Também, tem o meu livro pela metade. Acho que já passou a hora de tentar terminá-lo.  O difícil sempre é arranjar tempo para tudo (que deve ser o tema do próximo post).


Apenas para finalizar, neste pequeno post quebrei diversas regras descritas por Strunk, mas em minha defesa uso palavras do próprio Strunk: "that the best writers sometimes disregard the rules of rhetoric. When they do so, however, the reader will usually find in the sentence some compensating merit, attained at the cost of violation. Unless he is certain of doing as well, he will probably do best to follow the rules". Isto me justifica exceto por dois detalhes: Não sou um bom escritor, nem criei algo recompensador com minhas violações as regras literárias e gramaticais. Foram apenas violações sem mérito mesmo (rsrsrsr). Paciência, quem sabe um dia aprendo a escrever bem. Até lá vocês vão ter que suportar este ‘estilinho’ tacanho que uso. É para isso que servem os amigos (e novos leitores), não?