Na
semana passada, um post meu sobre a UFABC gerou certa polêmica. De fato, não
meu post especificamente, minhas palavras não eram quase nada polêmicas: apenas minhas
impressões sobre a Unificação das Disciplinas.
O centro da polêmica foi o comentário de um ex-estudante da UFABC. De
certo modo, um depoimento bem escrito de alguém que não encontrou o que buscava
na UFABC e uma declaração de ter ficado bem melhor ao desistir desta Universidade e
ingressar em uma Particular, cujo nome não foi citado.
Pessoalmente, eu me sinto feliz por este ex-estudante, nem sempre é
fácil se encontrar verdadeiramente ou se sentir satisfeito com aquilo que se
possui. Contudo, não creio que se possa considerar que a UFABC seja a culpada de sua experiência não bem sucedida.
Este depoimento me fez refletir sobre Expectativas, ainda mais em uma semana
de reinício de aulas e a recepção dos ingressantes. A UFABC recebe mais de 1500 alunos em seus
cursos de BC&T e BC&H, cada um desses carrega uma visão prévia do que
espera ser a sua nova vida acadêmica, social e pessoal devido a sua entrada em nossa Universidade. O que será que buscam estes alunos: informação,
conhecimento, sabedoria, camaradagem, festas, eventos sociais, diversão? Obter
uma formação para segurança financeira ou realização pessoal ou, talvez, algo mais etéreo como Felicidade?
Apesar
de não parecer ser um assunto correlato, R. Feynmam depois de refletir sobre o
porquê de sentirmos que a Física Quântica é tão estranha diante de nossa
percepção clássica (convencional) da realidade, cunhou uma frase que considero brilhante: “A ‘estranheza’ é apenas o conflito
entre a realidade e nosso pensamento do que a realidade deveria ser.” Acredito que uma grande parte de
nossas frustrações, em especial em relação a nossas vidas acadêmicas, está
associada a essa persistência que temos em “exigir que a realidade seja da forma que desejamos”.
Assim, um bom exercício a ser
feito é o de observar o que está a nossa volta e aproveitar a realidade em que
estamos imersos, sem tanto anseio que seja exatamente como gostaríamos. Não
deveríamos menosprezar o prazer que as surpresas da vida podem nos trazer.
Sempre tentamos controlar a situação e forçar a “vida” a seguir designos que
impomos por meio de nossas agendas e planos elaborados. Grande engano imaginar
que “ela” aceitaria isso tão passivamente. Ao interagir com o que há a nossa
volta, no mínimo, somos tão modificados quanto modificamos. Talvez, esta seja mais uma das minhas Alusões
Quânticas da Vida (A.Q.V.) que o “observador (controlador) é apenas ilusoriamente
separado daquilo que observa (controla) – as interações são inevitáveis e quase sempre levam a resultados inesperados"; não porque sejam bizarros ou algo assim, mas apenas
porque raramente refletimos sobre o que de fato a realidade é, costumamos
preferir nos acomodar com a imagem de como gostaríamos que ela fosse.
Nesta
semana, o segundo quadrimestre da UFABC se iniciou, mesmo sob o fantasma de
uma possível parada iminente devido a uma provável greve. Entramos em sala de
aula, alunos e professores, com grandes expectativas, talvez, alguns de nós tão frustrados como aquele aluno do
comentário estava, antes de se impor uma mudança de realidade. Sinceramente, espero e desejo
que essa não seja a nossa verdade, que iniciemos um bom quadrimestre e possamos encarar a realidade que esta a
nossa volta, em especial, que possamos aceitar as
modificações que nossas realidades nos impõem e possibilitam. Afinal de contas, em geral, nós temos apenas aquilo que merecemos.