Três câmpus para a UFABC fundar e construir,
Nas Sete cidades que formam as terras em que deve inovar,
Cada câmpus com seu bacharelado interdisciplinar,
E algumas áreas de afinidade que ainda se deve decidir,
Pelos Centros responsáveis pelos conhecimentos a ensinar
E o Um Reitor que a todos deve governar.
Contudo, ainda muita discussão para modelo multicâmpus se
definir...
Há
algum tempo atrás dei algumas opiniões sobre a questão multicâmpus na UFABC (http://migre.me/6fYEj). Contudo, obviamente, este é um tema para
muitos textos. Algumas vezes, acho que já foram usadas palavras demais sobre o
assunto. De qualquer modo, houve uma reunião conjunta de CONSUNI e CONSEPE (nossos conselhos superiores), no dia 22/11, para mais uma vez
se abordar o assunto.
A
Universidade é uma organização bastante complexa e na tentativa de se ter uma
visão mais racional sobre os temas a se decidir, a reitoria tem usado a tática
de Grupos de Trabalho (GTs): os conselhos escolhem representantes docentes e
funcionários para estudar e produzir um relatório sobre o tema requisitado. Com
base nisto, espera-se que os conselhos possam tomar decisões mais solidamente
embasadas para tais questões. Tal abordagem parece ainda mais razoável ao se
considerar questões de grande influência e, consequentemente, polêmicas.
Como
reaprendi naquela reunião conjunta, a UFABC já nasceu multicâmpus nos
documentos de sua criação. Contudo, convenhamos que era muito fácil ser uma
Universidade Multicâmpus, quando só havia UM câmpus (de Santo André) a se
construir e cuidar. A partir da criação do câmpus de São Bernardo do Campo e o
inicio dos trabalhos no Bloco Sigma (o antigo Colégio Salete reformado),
juntamente com a criação do segundo bacharelado interdisciplinar: Bacharelado
em Ciências e Humanidades (BC&H), percebeu-se que a dinâmica era bem mais
complicada e, portanto, era urgente que se decidisse como seria a forma da
Universidade ser Multicâmpus de verdade e não apenas em promessas documentais
feita ao governo Federal.
Antes
de tomar decisões é preciso saber sobre o que se deve decidir, o que nos leva ao
proposto Grupo de Trabalho Multicâmpus que resultou em um relatório elencando
algumas possibilidades e sugestões (http://migre.me/6fVNw)
no inicio do ano de 2011. Apesar de tal texto já estar entre nós a algum tempo
e ter ocorrido algumas apresentações sobre os resultados (com os vertiginosos
números de participação de 9 e 13 pessoas em cada uma delas), a discussão chega
a um momento critico e acalorado no qual os Conselhos Superiores devem tomar
uma decisão clara (e, talvez, definitiva) sobre que tipo de Multi-câmpus a
UFABC deve ser.
No
relatório são criados alguns cenários. Pessoalmente, não os vejo como alternativas
numa questão multi-escolha (como alguns comentaram): Não bastar
dizer que se quer algo entre A e F; tudo é bem mais difícil que isso... De
fato, os cenários são mais análogos a casos limites imaginados, similar ao que
fazemos ao obter uma solução geral de
uma equação muito complicada, nós paramos para analisar alguns casos
particulares na esperança disto nos dar a intuição necessária para uma
compreensão mais profunda da solução encontrada. Neste relatório, em especial,
observe o cenário F, que na verdade é apenas a descrição do que vivenciamos
atualmente e do cenário B, que é aquele que reitoria considera mais adequado a
perseguirmos e que estabeleceríamos algo assim por volta de 2020. Neste cenário
final, haveria todos os BIs em todos os câmpus e os cursos pós-BI divididos
entre os diferentes três campus por afinidade.
Na
reunião que presenciei, as posições são
as mais conflituosas. Percebe-se, que o CECS (Centro de Engenharias, Modelagem
e Ciências Sociais Aplicadas) apoia a posição multicâmpus da Reitoria e já faz as primeiras
medidas para isto com o envio de três engenharias para São Bernardo do Campo:
Biomédica, Gestão e Aeroespacial. Eles são pragmáticos: não há espaço
suficiente para todas as engenharias em Santo André, portanto, é preciso
expandir e instalar engenharias em outros câmpus. Do outro lado da questão, o
CMCC (Centro de Matemática e Ciências Cognitivas) se posiciona por permanecer
em Santo André. De fato, propõe que cada câmpus tenha um único BI (BC&T
para SA, BC&H para SBC e um novo BI para Mauá) e os pós-BIs nos câmpus
adequados por afinidade. Creio que
muitos no CCNH (Centro de Ciências Naturais e Humanas), centro ao qual
pertenço, estão alinhados à proposta do CMCC. Contudo, não foi tomada uma
decisão oficial como CCNH ainda... Cada Centro com sua posição tem argumentos bastante validos. De fato, em todas as equações manter os BIs é o mais custoso a universidade e demandaria uma grande mobilidade de Docentes e TAs, que poderia acarretar em um grande prejuízo ao tempo efetivo de trabalho de todos e, consequentemente, tempo para dedicar a pesquisa. Isto entre tantas outras implicações que nem menciono aqui na esperança de ser 'um pouco menos' prolixo.
Ao
fim da reunião, foi decidido que ainda era preciso se discutir bem mais antes
de decidir algo. E, portanto, novas reuniões virão... Independente, de qual seja a
posição que a Universidade tome em relação a sua natureza multicâmpus, esta
necessariamente precisará estar explicita em nosso PDI (Plano de
Desenvolvimento Institucional) que descreverá nossos planos de 2012 a 2020. Creio que é obrigação de todos os estudantes, funcionários e professores se envolverem em tais discussões e levar uma opinião clara aos seus representantes. O modelo multicâmpus da UFABC é um tema que afeta a todos nós e o pior pecado que poderia se cometer neste momento seria a omissão.
A cada dia que passa, sinto que mesmo a
Universidade sendo construída de
concreto é, na verdade, moldada pelas vontades daqueles que a governam. Isto faz
com que vivamos em Torres feitas de paredes fluidas e propensas a continua
modificação. Nada mais justo para uma
instituição que tem seus centros criados sobre as palavras de ordem:
Descoberta, Sistematização e Invenção.