domingo, 20 de maio de 2012

Ostras e Pérolas


Em memória da minha Vó  Tilia 


Conta-se que as pessoas de uma pequena ilha se especializaram na arte de produzir as mais belas pérolas que já se viu. Os homens e mulheres encarregados de tal tarefa eram conhecidos como os Cultivadores de Ostras. Tal atividade necessitava de uma grande disciplina e paciência, ainda mais sabendo que produzir pérolas dependia mais da boa vontade das ostras do que do serviço de homens ou mulheres.

Os cultivadores procuravam regiões de enseada de sua pequena ilha com o mar calmo e ondas mansas e colecionavam as ostras em longas fileiras presas em região rasa, na qual as ostras poderiam obter seu alimento facilmente. Contudo, o segredo das mais belas pérolas residia na arte de impor um ‘tormento’ que incomodasse muito a ostra, mas não causasse dano ao ponto de levá-la a morte. O cultivador separava pequenas pedras irregulares e, delicadamente, abria cada ostra e lá depositava o pequeno infortúnio sobre a carne macia. Após a ostra fechar, o cultivador esperava que esta resolvesse seu incomodo da maneira que elas costumam lidar com seus problemas: madrepérola.

Para livrar-se da dor e da irritabilidade daquela pedra ferindo seu âmago,  a ostra produzia madrepérola e devagar, mas constantemente, ia recobrindo a pedra que nela foi inserida. Camada a camada, a ostra torna aquele incomodo em uma esfera (quase sempre perfeita) que era o objetivo e ambição dos cultivadores. Enquanto o trabalho era feito pela ostra, cabia aos homens esperarem os tempos que a natureza impõe aos seus processos.

Aquela comunidade da pequena ilha não apenas vivia do trabalho com as ostras, mas também aprendia com elas. Assim, os sábios cultivadores ensinavam aos  mais afoitos e jovens que o cultivar está na arte de escolher as pedras na medida certa que a ostra possa suportar e resistir. Aqueles que cultivam a paciência e a superação diante dos mais persistentes incômodos (infortúnios), por fim, podem ser laureados com as mais belas pérolas. 

2 comentários:

  1. Falta referencia da região.E mais detalhes a não ser que seja uma historinha.

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  2. Olá Reginaldo, é só uma história fictícia mesmo. Mas confesso que quando escrevi tive a sensação de "já ouvi isso em outro lugar". Então, não me surpreenderia se existisse alguma versão diferente dessa história por aí. Obrigado por visitar meu Blog. ;-)

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