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Em
nossos dias, um dos fins apocalípticos mais populares dos filmes é o ataque de
um vírus terrível (ou algo assim) que dissemine a praga Zombie por toda parte.
Criaturas sedentas vagando com um único propósito: saciar sua fome. Tal mal se
espalharia sem precedentes até levar a vida como conhecida ao derradeiro FIM. Todos
concordam que estamos bem longe deste mundo comentado. Contudo, temos sinais
claros de criaturas sem vida entre nós. Vagam também ativadas unicamente pelos
sua fome extrema: quase sempre o trabalho.
Os nossos dias passam em uma sequência aborrecida e preenchida por todo tipo de atividades (poucas que realmente nos agradem). Vivemos num mundo de tarefas a
cumprir, reuniões a comparecer e prazos, sempre muitos prazos a satisfazer…
Independente
de quanta dedicação tenhamos a tudo o que façamos: sempre estamos em falta.
Sentimos culpa por não dedicar o tempo necessário a nossa família, aos estudos,
às nossas paixões. Nem mesmo para nós mesmos permitimos a reserva de algum tempo.
Temos prioridades e urgências. Tudo urge a nossa volta e acanhados de falhar em
nossas tarefas acolhemos passivos a nossa sagrada agenda. Temos tantas
obrigações com tantas pessoas e tudo a nossa volta, que é impossível não estar
em falta com algum deles. Simplesmente, não há tempo suficiente.
Da
criança que fomos, apenas a lembrança de que o dia era a oportunidade para nos
deliciarmos com o que havia para descobrir. Além disso, só ficou mesmo o rastro do Coelho
de Alice e seu mantra obsessivo: ‘Estou atrasado, estou atrasado, estou
atrasado'.
Em
todos as áreas da vida a pressa torna-se a regra básica. Por exemplo, no
trânsito (templo supremo da impaciência) até as cores do semáforo ganham novos
tons: Verde: ‘Ainda bem, não posso parar’; Vermelho: ‘por que não anda logo?’ e
o Amarelo: ‘Acelera, acelera antes que fique encarnado’. Dos hábitos alimentares, um tipo de comida
daquelas famosas lanchonetes torna-se o nosso guia espiritual. Agora, Tudo é
FAST! Que seja o FastFood, o FastSleep, o FastFun, o FastLove… Só nos resta um
FastLive!
Uma grande pena, me disseram que há um lindo mundo aí
fora para se ver, se você tiver tempo para apreciá-lo. Talvez, ainda não
estejamos cercados pelos Walking Deads. Todavia, amargamos um fim ainda mais
melancólico e lacônico: estamos todos nos tornando Running Liveless.
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