domingo, 20 de novembro de 2011

Entre caminhos indistinguíveis ou coisa que o valha...



Sempre que leio algo sobre Feynman, lembro-me que ele considerava o fenômeno de interferência como o misterioso coração da Mecânica Quântica. A interferência fala sobre o que acontece quando uma partícula e/ou onda tem dois ou mais caminhos indistinguíveis para seguir. Sob tal situação, algo inusitado acontece: é como se tal ente físico percorresse ambos os caminhos ao mesmo tempo, dede que não haja realmente como distinguir entre eles. Estas partículas abusam de sua ‘liberdade de escolha’ e não optam por nenhum caminho em específico, apenas seguem por todos os possíveis e pronto.  Como Feynman afirmaria: um grande mistério!

Na vida moderna, nossas escolhas se reduzem ao clássico (no sentido de não quântico),  também temos muitos caminhos a escolher. Porém, eles nos parecem quase sempre bem traçados, mas nem por isso chegamos onde acreditávamos que deveríamos. Em geral, ir de A até B sempre é mais complicado do que imaginávamos... De certo modo, isso deve ser o coração misterioso de ser Humano. Diferente das partículas, temos uma consciência para sempre nos questionar: "Realmente por aqui que eu gostaria de ir?" , "Era mesmo essa paisagem que queria a minha volta?" ou "Se quisesse deixar este caminho, por onde seguiria?" Muitas perguntas, quase nenhuma com uma resposta satisfatória. Para nosso infortúnio (ou não), somos bem diferentes dos entes quânticos: A nós só é dado o direito de trilhar um caminho (de cada vez). Dito SIM para um caminho, você automaticamente diz NÃO para todos os outros. Apenas UM pode ser seguido. Então, está com inveja das partículas quânticas? Não fique, nem contei a história toda: a interferência sempre acaba entre algo destrutivo e construtivo (quase uma loteria). Sem falar de tantas outras implicações. Como você pode perceber, não necessariamente é uma boa coisa ser quântico.  

Pessoalmente, há dias que estou me sentindo confiante e caminho de cabeça erguida, olhos focados a minha frente, porque é o que acredito que eu quero. Outros dias, já não tão certo, olho para os lados e vejo se existe alguma trilha alternativa ou um retorno. Porém, continuo (quase sempre) no mesmo caminho, mais por medo de me perder por completo do que por não enxergar outros destinos possíveis. Também, há dias loucos em que não me importo com qual direção eu vou. Nestes dias, posso andar para qualquer lado, pois um caminho parece tão bom quanto qualquer outro. No fim, percebo que não fui a lugar algum... Apenas andando em círculos, pelo menos, nestes dias aprecio a vista a minha volta ;-)

Hoje foi um dia desses de não ir a lugar algum.  Cansei, sentei-me e, por fim, resolvi escrever no blog, esperando que a minha bússola inspiradora indique para onde devo ir. Infelizmente, para você que me lê, eu estava tão vazio de direção que não pude pensar em nenhum tema para o blog além dessa falta de caminho. Amanhã, sei que volto a minha marcha, pois sempre estamos nos movendo no tempo e espaço, mesmo que nem percebamos bem isso. Isso me lembra que, talvez, a única certeza na vida seja essa grande Dúvida. Porém, isso é tema para outro dia, outra conversa neste blog sobre o senhor Heisenberg e minhas Alusões Quânticas da Vida. 

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